Las compostivistas
O coletivo Las Compostivistas se formou em 2017, reunindo Beá Meira, Elizah Rodrigues e Angela Carneiro, com o propósito de compartilhar práticas artísticas com professores de arte.
Como estar junto num bom encontro com artistas e professores, e isso transformar-se em práticas de contágio com os alunos em sala de aula? Todo nosso esforço de trabalho e pesquisa vai nessa direção: de que a sala de aula seja uma sementeira de curiosidade, conhecimento, partilhas e criação de modos de vida. E partimos da constatação de que para se estar vivo é preciso ter um corpo. É esse corpo que carrega a vida em nós. E um corpo se faz ao longo de muitos encontros, na aprendizagem de afetar e ser afetado e marcado continuamente no tempo e no espaço, atravessado por humanos, mas também por paisagens, animais, objetos, sons, cheiros, tecnologias, aquilo que chamamos de não humanos. Portanto, um corpo é passagem de muitos que nos desenham. Um corpo é a história de tudo isso. Um corpo é passagem do tempo e de um tempo. Nele se inscrevem resistências e existências.
Nosso grupo, Las Compostivistas, pesquisa modos de expandir a relação entre artistas, professores e alunos. Trabalhamos na direção de uma pedagogia menor em que o corpo e no corpo uma escritura se faça entre nós e produza a aproximação cada vez maior entre gestos e palavras, conhecimento e partilhas, na reinvenção de mundos e outros modos de existência. Quiçá mais dignos, intensos e solidários. Para tanto focamos nossa experiência em múltiplas combinações entre o sentir, o fazer e o pensar, temperado pela curiosidade.
E como fazemos isso?
Primeiramente, fazendo junto. Experimentando as questões e temas que emergem nos encontros e utilizando dinâmicas de grupo, técnicas de relaxamento, improvisação, de pesquisa de materiais, experimentações e diferentes materiais: fotografia, vídeos, papel, cheiros, sons, tintas…para convocar a participação e o envolvimento na construção de um conhecimento e abertura para uma experiência criadora. Fazendo da escola, seja onde ela se faça, uma praça de acontecimentos.
Nosso cuidado é que o trabalho aconteça numa pequena escala, atentas para que o singular e o inédito não se percam na espetacularidade dos grandes e generalizantes resultados. Por ter um caráter experimental e artístico, o trabalho é sempre disruptivo, pela capacidade de se reinventar conforme o lugar, as pessoas e os acontecimentos — adaptando-se a diferentes contextos, e sujeito a renovação a cada vez que é usado. Por isso, é uma proposta que pode ser partilhada, mas não reproduzida, com o risco de tirar a sua força de invenção e potência de transformação.