Beá Meira

Universidade das Quebradas, 2010/2014

Durante 5 anos fiz parte da equipe pedagógica do projeto Universidade das Quebradas, curso de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ, concebido e coordenado por Heloísa Buarque de Hollanda e Numa Ciro,  que promove o encontro entre a academia e os artistas da periferia, como o propósito de refletir, discutir e inventar a cultura do século XXI.

Esta experiência transformadora modificou por completo minha visão de mundo e minha compreensão do que é cultura, e me inseriu em um ambiente de cidadania ativa, criativa e questionadora, presente na cultura afrocarioca, que floresce, convive e abriga as contradições entre o asfalto e a favela, na cidade do Rio, há décadas.

Conviver com este grupo de artistas e produtores culturais que têm uma visão arguta da sociedade, que vivem experiências extremas de solidariedade e são capazes de imaginar um mundo a partir de valores não mercadológicos, foi uma oportunidade especial.

O campo em que este ambiente de troca se estabeleceu é a arte. Por ela nos embrenhamos nas leituras mais provocadoras, entramos em contato com os mitos de sociedades que viveram em outros tempos, discutimos as injustiças sociais como o racismo e epistemicídeo, revemos a história política do Brasil, pensamos na nossa finitude, expressamos nossos desejos, nossas heranças ancestrais. 

A cultura digital estava em expansão, possibilitando o acesso à arte para todos, não apenas como consumidores, mas principalmente como produtores. A luta por oportunidades iguais, por direitos sociais se estendia neste momento ao direito de cada um vivenciar a dimensão subjetiva e estética da vida. 

Num mundo em crise, as trocas de saberes radicais, a interlocução ousada, a disposição para as vozes pouco ouvidas, me ajudaram a embaralhar minhas referências.

Logo da UQ

Coordenação do site da UQ
Em nossas práticas na UQ estimulamos os artistas a refletirem sobre seu trabalho e escreverem e debaterem as diferenças sociais, religiosas e políticas dos diferentes grupos, buscando um amadurecimento dos grupos. Parte importante da metodologia era mediada pela plataforma digital. Pelo site dávamos continuidade às discussões e temas trazidos para sala de aula, divulgamos os trabalhos dos artistas, alargamos a nossa rede de trocas e almejamos a produção de um conhecimento coletivo.

Formatura da 4a turma da UQ
Formatura da 4a turma no auditório da Faculdade de Letras.

Coordenadoras no Pólo de Manguinhos
Fernanda Jaguaribe, Beá Meira, Heloísa Buarque de Hollanda, Silvia Ramos e Numa Ciro, na biblioteca de Manguinhos,  Pólo Avançado da Universidade das Quebradas, em 2012