Beá Meira

A Carne de Gaia

Exposição Pavão Cultural, Campinas, maio/junho de 2024
Curadoria de Susana Dias Oliveira

A artista experimenta as potências dos encontros entre artes e ciências em tempos de catástrofes, nos convidando a “ficar com o problema”, como propõe a filósofa Donna Haraway. Emergem do trabalho de Beá imagens que tocam A Carne de Gaia, que ganham intimidade como uma Terra viva, ativa e criativa, que nos convocam ao trabalho urgente de criar mundos habitáveis desde dentro das ruínas.

(…)

Não recusamos olhar suas imagens, elas não são insuportáveis. Pelo contrário, elas nos engajam, reivindicam um corpo presente e ativo, conectado a esta Terra. Isso acontece porque esse engajamento não se dá pela sedução espetacular do dispositivo das mídias massificadas, mas por um entrelaçamento cuidadoso entre artes, ciências e políticas, que suspende os regimes perceptivos dominantes e os jogos de sentidos já dados. 

A maneira como se apropria das técnicas artísticas e procedimentos das ciências, articulando poesias e métricas das paisagens, é um convite a pensar não apenas com as artes e ciências que já estão aí, mas entre elas e com seus devires, suas relações e possibilidades porvir. Sentimos como a exposição é um caderno de contabilidade fabulado, que não se recusa a medir, mas que interroga suas perspectivas antropocêntricas, colonialistas, tecnocráticas, gerenciais e modernizadoras, que nos trouxeram até os tempos atuais, até o Antropoceno ou o Capitaloceno.

O grande recinto. A chegada. O mundo fica cada dia menor. 
Plantação marinha de poços de petróleo sobre coral, na foz do rio Amazonas. 
Acrílica sobre tela, 100 x 50 cm

Mineroduto e desmatamento sobre terra preta. 
Estratigrafia de uma ex-floresta.
Acrílica sobre tela, 100 x 50 cm

Plantationceno, o empobrecimento do mundo. Hectares, cercas e monocultura. 
Veias abertas da América Latina. Acrílica sobre tela (100 x 50 cm)

Estrada. Br 320, trecho entre os rios Tapajós e Xingu.
Tapeçaria,
Acrílica sobre tela, 50 x 200 cm

Biosfera: atmosfera e oceano 
30 km para todas as vidas, 21% de oxigênio e 3,4% de sal.
Acrílica sobre tela, sobre lonas com 190 cm de diâmetro

Mulher Bioma – Rayane Kaingang (artista convidada)
Acrílica e sementes de açaí sobre lona de 200 cm de diâmetro

Convite da exposição

Foto da exposição