Nasci em São Paulo, mas tive a sorte de passar minha infância no interior. Lá em cima na serra de Botucatu, aprendi a andar no mato, brincar na rua e passear sozinha pela cidade.
Voltei para São Paulo, aos 17 anos, para estudar arquitetura. No cursinho, tive aula de desenho com o Fajardo e com o Baravelli, uma verdadeira revolução estética. Depois, passei seis anos no prédio concebido por Villanova Artigas para FAU da USP. Sobrevivi com dificuldades a esta experiência esmagadora. Obtive uma bolsa da Fapesp para um trabalho de iniciação científica sobre a Síntese Ótica das Cores e o sistema Munsell. Fui orientada por Mauricio Nogueira Lima, um artista sensível que conhecia as cores com intimidade, enquanto eu estava ainda aprendendo a nomenclatura. Isto é, descobrindo a diferença entre o azul esverdeado e o verde azulado.
Trabalhei por um ano na biblioteca do Museu de Arte Contemporânea, no Ibirapuera. Na minha lembrança, foi um ano enorme. Conviver com aquela quantidade de livros de arte, com a beleza e o silêncio do parque, visitar o acervo e acompanhar as montagens das exposições modificaram totalmente minha visão de mundo.
Em seguida com Aida Cassiano, montei uma empresa de Comunicação Visual, que chamava-se e/ou programação visual, escrito assim com letras minúsculas. Fizemos estampas, stands, logomarcas, folders. Aprendemos sozinhas as práticas comerciais enquanto fazíamos artes finais à mão na mesa de luz. Fazíamos serigrafia sobre papel e tecido e montamos um arquivo de imagens que guardávamos em ordem alfabética, nosso grande patrimônio.
No final dos anos oitenta, comecei a dar aulas de Arte para o ensino médio, no Colégio Logos. Ali aprendi as práticas pedagógicas, participei de experiências precursoras de transdisciplinaridade e convivi com alguns dos melhores professores da cidade.
Como consequência de um desastroso plano econômico do governo, fui experimentar a vida na Europa. Passei longos meses na Espanha e na Inglaterra, trabalhando ilegalmente em subempregos. No final de 1990, já estava aqui novamente, economizando pra comprar meu primeiro Mac.
Nesta época, surgiram convites e oportunidades para projetar montagens de exposições, criar cenografias e fazer direção de arte para filmes de curtas metragens.
Em 1994, fui convidada a me juntar ao animado grupo de professores da disciplina de Plástica da Arquitetura, na FAU de Santos. Toda quinta-feira era dia de viajar, ensinar e aprender. Com o objetivo de desenhar, organizávamos aulas-passeio no porto, na praia, no mangue, no centro histórico, no morro e no mato. Foram 10 anos trocando experiências com Paulo Von Poser, Gian Latorraca, Douglas Canjani, Márcia Benevento e Tina Bibas.
No final da década, inspirada pelo lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs, escrevi um método de ensino de Arte para o Ensino Fundamental II, publicado pela Editora Scipione, em 2006; o Radix Arte.
Além dos projetos de design, agora mais voltados para as questões editoriais, passei a oferecer uma oficina de design gráfico no curso de Multimeios da PUC, em São Paulo.
Antídoto para o fim do mundo, vídeo realizado em colaboração com Maria Meira, para o lançamento da campanha Liberte o futuro, em julho de 2020.
Concebida pela jornalista Eliane Brum durante a pandemia de Covid, a proposta da plataforma era pensar e imaginar futuros para o Brasil.
No final de 2004, mudei com a família para o Rio de Janeiro. Nos primeiros anos, estive absorvida pela beleza da cidade e pelo trabalho com os livros didáticos para editoras Ática, Scipione e SM.
Em 2010, fui convidada por Numa Ciro à colaborar com a Universidade das Quebradas, um curso de Extensão da UFRJ coordenado por Heloisa Buarque de Hollanda, voltado para os artistas da periferia. Trabalhei neste e em outros projetos que visavam transformar a relação entre centro e periferia na cidade do Rio de Janeiro, como mediadora em propostas artísticas colaborativas.
Na última década tenho me dedicado à concepção de livros educativos para disciplina de Arte, em especial para a escola pública, em parceria com Silvia Soter, Rafael Presto e Taiana Machado, publicados pelas editoras Somos e Saber.
Em 2015 publiquei Arte do rupestre ao remix, para o Ensino Médio. Em 2016 concebi uma nova coleção para os anos finais do Ensino Fundamental; Projeto Mosaico Arte (aprovado pelo PNLD 2016 e 2020 para escola pública) e Projeto Arte (na versão para escolas privadas). Em 2018, Percursos da Arte para o Ensino Médio, (aprovado pelo PNLD 2018).
Em 2017 publiquei o Cadernos da Beá — Vol.1, um livro de artista com apenas 20 exemplares, o projeto gráfico foi da Patricia De Filippi.
De volta a São Paulo, em 2019, me engajei na diretoria da ABRALE – Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos e tenho frequentado a oficina de gravura do Museu Lasar Segall, onde aprendo a trabalhar com a técnica de litografia.
Continuo cada dia mais interessada no disputado campo da educação, na diversidade cultural do Brasil e acreditando no poder da arte em tranformar a sociedade.
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